O covid-19 pode ser transmitido através de cadáveres infectados?
Uma das maiores dificuldades do enfrentamento da Covid-19
está sendo lidar com corpos de pessoas que morreram infectadas pela doença.
Imagens de inúmeros caixões amontoados pelas ruas por falta de lugares para
enterrar, revelam o quão cruel está sendo a ação do novo vírus.
No Equador, o problema da vez é como e onde pôr esse
contingente de cadáveres que a cada hora infelizmente aumenta.
E o questionamento sobre o que fazer com os corpos não se
restringe apenas ao Equador. Na Cidade México, as autoridades locais emitiram
as suas próprias recomendações: não realizar funerais nem fazer autópsia, e muito menos fazer transferências
para fora da cidade.
Descendo para a América Central em Honduras, o
Departamento de (Estado) de Cortés, que concentração 70% das mortes por
Covid-19, alguns moradores utilizaram até paus e fações para impedir o enterro
das vítimas da doença, informou a agência Reuters.
O contágio pode ser evitado?
"Exceto nos casos de febre hemorrágica (como Ebola
ou febre hemorrágica de Marburg) e cólera, os cadáveres geralmente não são
infecciosos", diz a OMS.
"Só podem ser (infecciosos) os pulmões dos pacientes
com gripe pandêmica se forem manipulados de forma incorreta durante uma autópsia.
Caso contrário, os cadáveres não transmitem doenças", acrescenta a
entidade.
Porém isso não significa que o vírus morre com a pessoa,
no caso de doenças respiratórias agudas, os pulmões e outros órgãos "podem
continuar a abrigar o vírus ainda vivo".
Mas eles só são liberados, em geral, nos procedimentos de
autópsia (como o uso de serras elétricas ou lavagem interna) por funcionários
de funerárias e de serviços forenses.
Diante disso, familiares e amigos de uma pessoa que
morreu devido por complicações do covid-19 devem esperar por pessoal treinado e
adequadamente protegido para preparar o corpo para o enterro ou a cremação.
Pode haver um funeral?
"Se a família só quer ver o corpo, sem tocá-lo, pode
fazer isso desde que tome as precauções padrão o tempo todo, principalmente a
higiene das mãos. A família deve receber instruções claras para não tocar ou
beijar o corpo", indica a OMS
O distanciamento físico entre as pessoas, a lavagem
constante das mãos enquanto estiverem em um funeral, são recomendações chaves
da entidade. Não é recomendado que pessoas com mais de 60 anos ou pessoas
imunodeprimidas interajam diretamente com o cadáver.
Enterrar ou cremar?
A escolha entre enterro ou cremação do cadáver dependerá
da família. "Existe uma crença generalizada de que as pessoas que morreram
de uma doença transmissível devem ser cremadas, mas isso não é verdade", diz
a OMS. "A incineração é uma questão de escolha cultural e disponibilidade
de recursos."
Quem precisa de proteção especial em um enterro, como
luvas, são as pessoas que colocam o corpo no túmulo ou nicho.
Em locais onde há falta de serviços funerários ou existem
tradições que realizam o preparo de um corpo para o enterro, a pessoa
encarregada disso deve ter todas as proteções.
Deve-se usar luvas, proteção para os olhos, máscara,
avental impermeável, e não deixar de lavar as mãos e as roupas após o término,
aponta a OMS.
Não é necessário incinerar ou descartar os pertences do
falecido, no entanto, devem ser tomadas precauções como manuseio com luvas e
lavagem com detergente, além de desinfetar objetos com álcool ou alvejante.