14 perguntas e respostas sobre a vacinação contra a Covid-19 no Brasil
A tão
esperada vacina contra a Covid-19 chegou, e diante desse mar de dúvidas e
questionamentos, nada melhor do que conhecer um pouco mais sobre as principais suas
implicações, características com o intuito de aprofundar o nosso conhecimento. Afim
de desmistificar e facilitar inúmeras informações para você, trouxemos uma
lista publicada recentemente no site do jornal Extra com 14 dúvidas a respeito
dessa vacinação. Vamos lá!
1 - É
possível contrair a Covid-19 por conta da vacinação?
Não. Nenhuma
das vacinas em fase mais avançada de desenvolvimento emprega o vírus Sars-CoV-2
enfraquecido (atenuado), que seria a única possibilidade, ainda que remota, de
haver reversão da forma atenuada para a ativa. Desta forma, nenhuma vacina
poderá causar a doença, esclarece Herbert Guedes, professor do Instituto de
Microbiologia da Universidade Federal do Ri ode Janeiro (UFRJ) e especialista
em vacinas. Que fique claro: ninguém pegará Covid-19 de uma vacina.
2 -
Quando a vacina começa a fazer efeito?
Os
resultados dos estudos levam em conta dados do 15º dia após a segunda dose das
vacinas. Um estudo preliminar da Universidade de Oxford, apresentado na última
terça-feira (2), indica que a vacina desenvolvida com a AstraZeneca tem 76% de
eficácia contra casos sintomáticos da Covid-19 já após a primeira inoculação.
Ainda assim, é preciso esperar 15 dias para que cada dose faça efeito, de acordo
com a microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de
Ciência (IQC) e pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
3 - Terei
que tomar quantas doses para ser imunizado?
Para a
maioria das vacinas apresentadas até agora, são necessárias duas doses, com
intervalos variáveis entre a primeira e a segunda.
4 - Em
quanto tempo receberei a 2ª dose?
Depende da
vacina e da estratégia adotada por cada governo. Por isso, é fundamental seguir
a orientação dada pelo agente de saúde no momento da primeira dose. De acordo
com a bula da CoronaVac, é necessário um intervalo de duas a quatro semanas,
com média de 21 dias, para garantir a eficácia. No caso da vacina de Oxford, o
intervalo previsto é de quatro a 12 semanas, e estudos indicam que o intervalo
maior é mais eficaz. Governos têm optado por intervalos maiores para imunizar
mais gente.
5 - Já
tive Covid-19 e tenho anticorpos, ainda assim preciso me vacinar?
Sim.
Primeiro porque seria necessário avaliar o número de anticorpos desenvolvido
por cada pessoa para ver se eles são capazes de protegê-la. Além disso, não se
sabe quanto tempo dura essa proteção natural; os estudos falam em cinco ou sete
meses. Outra preocupação é com as novas variantes do Sars-CoV-2. Segundo a
infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas (SP), o Ministério
da Saúde divulgou um estudo feito no Amazonas que analisou o soro de
convalescentes da Covid-19 e constatou que os anticorpos naturais protegiam
apenas 50% das pessoas contra a nova variante local. Ou seja, apenas 50% das
pessoas que já tiveram Covid-19 estariam imunes à nova variante.
6 - Se já
tomei a primeira dose de um fabricante, posso tomar a segunda dose de outro?
Por
enquanto, não. Natalia Pasternak afirma que ainda não há estudos sobre
combinação de vacinas — o primeiro está começando a ser feito no Reino Unido.
Especialistas consideram que, na falta da segunda dose de um fabricante, seria
melhor tomar a segunda de outro do que não tomar nada, mas isso só vale caso
realmente haja escassez. Por isso, é importante seguir a recomendação das
autoridades de saúde locais.
7 - O que
fazer se eu esquecer a data da segunda dose?
Segundo
Natalia Pasternak, atrasar um dia ou até uma semana não é grave. Mas, se o
tempo de atraso for longo demais, todo o protocolo de vacinação será
reiniciado.
8 - Quais
efeitos colaterais são esperados?
A vacinação
é segura, e os efeitos colaterais, em geral, são leves e temporários, como dor
no local da injeção e febre baixa. Efeitos colaterais mais graves são
extremamente raros em vacinas de forma geral, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS).
9 - Quais
efeitos adversos graves podem ocorrer?
Não existe
uma definição de quais efeitos graves podem ocorrer, diz Herbert Guedes. Até o
momento, eles são raros, e os pesquisadores ainda avaliam se podem ter relação
com a imunização. Será necessário mais tempo para identificar o risco.
10 - Já estando vacinado, posso parar de usar máscara?
Não. Teremos
que continuar a usar máscara e a fazer distanciamento social por um bom tempo.
Primeiro, porque apenas parte da população será vacinada. Além disso, porque
não se sabe se as vacinas vão conseguir impedir a transmissão e tirar o novo
coronavírus de circulação ou apenas se vão impedir que as pessoas adoeçam com
Covid-19, diz a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa
Nacional de Imunizações (PNI). Herbert Guedes acrescenta que somente depois que
a vacinação em massa ocorrer, com uma redução drástica dos casos, medidas de
segurança poderão ser revistas.
11 -
Depois de vacinado, vou poder sair do confinamento? Ver meus parentes? Viajar?
De forma
geral, não. É possível abrir pequenas exceções, como ver um parente, mas desde
que sejam mantidas as regras não farmacológicas, como uso de máscara,
distanciamento, preferência por ambientes arejados e higienização das mãos.
Segundo Rosana Richtmann, não há informações sobre a proteção oferecida pela
CoronaVac entre a primeira e a segunda doses. Na vacina de Oxford, novos
estudos indicam eficácia de 76%. Ou seja, ainda é possível pegar a doença e
disseminar o vírus.
12 -
Ainda posso transmitir o vírus após receber as duas doses da vacina?
Pode.
Natalia Pasternak explica que as vacinas não foram testadas para evitar
transmissão e, sim, evitar a doença. A Universidade de Oxford mediu quantos
casos de RT-PCR deram positivo após a imunização e viram diminuição de 67% após
a primeira dose, mas foi o primeiro estudo sobre isso, ainda preliminar.
13 - Por
quanto tempo estarei protegido?
Não se sabe
essa resposta. Esses dados ainda estão em estudo, diz Herbert Guedes. Os
imunizados nos testes clínicos continuarão sendo acompanhados, e assim será
possível determinar o tempo de proteção. A OMS considera aceitável o prazo
mínimo de seis meses.
14 -
Teremos que tomar a vacina todos os anos, como a da gripe?
Existe essa
possibilidade. Tudo depende do tempo de proteção oferecido pelas vacinas e se o
coronavírus sofrerá mutações significativas, diz Herbert Guedes. O imunologista
explica que, se o tempo de proteção oferecido for pequeno, será necessário
tomar a vacina com frequência. Se, por exemplo, a proteção durar um ano, a
vacina será anual. Até o momento, o Sars-CoV-2 parece mais estável que os vírus
da gripe. Mas, se ele mudar significativamente, as vacinas perderão a eficácia,
terão que ser atualizadas, e todos deverão se vacinar de novo.
Publicado
originalmente em: https://extra.globo.com