De onde Elon Musk vai tirar US$ 44 bilhões para comprar o Twitter?
A compra do
Twitter pelo bilionário Elon Musk levantou diversas perguntas sobre o futuro da
rede social e sobre a transação em si. Dentre elas, de onde virá o dinheiro que
será usado para a concluir a transação de US$ 44 bilhões (cerca de R$ 215
bilhões).
Musk ofertou
US$ 54,20 em dinheiro por cada ação comum da rede social, valor que será pago
aos acionistas e que representa um prêmio de 38% sobre o preço dos papéis em 1º
de abril.
Mas de
onde vai sair esse dinheiro?
Em um
documento apresentado à Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em
inglês) dos Estados Unidos no dia 21 de abril, Musk disse que tem compromissos
com o banco Morgan Stanley para obter dois empréstimos, um de US$ 13 bilhões e
outro de US$ 12,5 bilhões, uma soma de US$ 25,5 bilhões.
O valor
deste crédito foi confirmado em outro documento da SEC divulgado na
segunda-feira, que consolidou o acordo.
O negócio
bilionário, aprovado por unanimidade pelo Conselho de Administração do Twitter
na segunda-feira (26), ainda precisa ser aprovado por acionistas da empresa e
por órgãos regulatórios, mas a previsão é que seja concluído ainda neste ano.
No mesmo
registro, o bilionário se compromete a destinar até US$ 21 bilhões de sua
fortuna pessoal para completar a operação, mas não detalha de onde vai sair
esse dinheiro.
Musk, que é
o homem mais rico do mundo, com uma fortuna de quase US$ 265 bilhões, tem
grande parte de seu dinheiro atrelado às ações da Tesla – cerca de 17% da empresa,
avaliada em mais de US$ 1 trilhão, segundo a FactSet –, além da SpaceX, sua
empresa espacial privada.
Musk poderia
vender ações da Tesla para arrecadar dinheiro – o que talvez prejudicasse o
preço das ações da companhia. Por outro lado, a revista "Forbes"
observa que o bilionário já usou mais da metade de sua participação na Tesla
como garantia de outros empréstimos.
Novos e
antigos sócios
Outra forma
de Musk pagar pelo acordo seria buscar investidores que se juntem à sua
proposta, comprando uma participação no futuro do Twitter.
Em dois
momentos, o homem mais rico do mundo deu pistas de que pode trabalhar com os
investidores atuais do Twitter. Em carta ao conselho da companhia, ele afirma
que poderia "explorar opções que permitam aos acionistas existentes
investir a totalidade ou parte de seus rendimentos na transação".
Em uma
entrevista dada há algumas semanas, Musk disse que gostaria de manter
"tantos acionistas quanto possível" para uma companhia de capital
fechado. Segundo a legislação americana, após a compra o Twitter pode ter até
1.999 sócios.
Nesse caso,
alguns dos principais acionistas da companhia se juntariam a Musk na oferta. No
documento, o bilionário informa que esses acordos devem ser feitos de forma
separada – e não descreve os termos de cada negociação.
Um desses
sócios pode ser Jack Dorsey. O cofundador do Twitter tem cerca de US$ 980
milhões em participação na rede social, levando em conta o valor de US$ 54,20
oferecido por Musk. Na última segunda-feira (25), Dorsey adotou um tom otimista
para falar sobre a venda da empresa.
Os dois
executivos costumam conversar sobre criptomoedas no Twitter e trocaram elogios
públicos em diversas situações. Em janeiro de 2020, Dorsey convidou Musk para
um evento com colaboradores da rede social. Na ocasião, o bilionário deu dicas
de como melhorar a plataforma.
Fonte: G1